Política

'Derrubar o viaduto de Alcântara', avisa Piraciaba em SG

Candidato acredita que o município precisa ser administrado como uma empresa. Foto: Pedro Conforte

Por Matheus Merlim


Aos 44 anos, o professor e administrador de empresas na área da Educação, Rodrigo Piraciaba, decidiu se afastar do quadro e dos alunos para concorrer ao cargo mais alto da Prefeitura de São Gonçalo e gerir a cidade. O candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) acredita que a única forma de melhorar a economia e combater a corrupção é comandar o município como uma empresa privada, com metas e até assinatura de 'termo de ética e honestidade'.

Gonçalense, casado e pai de três filhos, Piraciaba é formado em Matemática pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Morador do bairro Pita, atuou por 25 anos como professor e diretor de ensino em diferentes escolares particulares. Ele, inclusive, é fundador de uma das mais reconhecidas redes de colégios de São Gonçalo.

Com especialização em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Piraciaba também trabalhou com a administração de empresas privadas. Ele traz na chapa como vice-prefeito o também professor Carlos Marcelo, do mesmo partido.

  • Por que São Gonçalo precisa de Rodrigo Piraciaba como prefeito pelos próximos quatro anos?

O mais importante é ter uma pessoa que saiba fazer gestão. A minha maior diferença de qualquer outro candidato é que nenhum deles foi empresário, tomou conta de um negócio. Todos os outros são politiqueiros, ou seja, só fizeram a vida deles com uma construção política de troca de favores. É inaceitável que em uma cidade com 1,2 milhão de habitantes, o maior empregador seja a Prefeitura. Ninguém tem levado emprego para a cidade e o poder paralelo toma conta do povo. Precisamos fazer reunião mensal de resultados, com todos os secretários ao redor de uma mesa, fazer eles conversarem entre si e demonstrarem quanto foi o orçamento de cada um e como foi usado. Essa reunião tem que ser transmitida para toda a cidade ver onde o dinheiro público está sendo gasto. Essa transparência inibe corrupção e problemas de desvio.

  • O que o senhor considera como principal problema na gestão municipal de São Gonçalo?

O maior problema se chama ausência. Se você perguntar: a gestão atual, o que deixou de legado para a cidade? Nada. Tenho um programa que se chama ‘Café com a Prefeitura’. Outros candidatos dizem que São Gonçalo tem que ter subprefeituras, mas isso é aumentar custos. São 92 bairros, em cada manhã se eu rodar dois bairros, dentro de dois meses eu rodo a cidade inteira. Vou sentar em uma determinada região, abrir uma tenda com café e lanche, e ouvir a população, governar com a população. É lógico, tem problemas que eu não vou conseguir resolver em dois meses. Hoje as pessoas não conseguem ver o atual prefeito, a não ser em alguns lugares, como Praia das Pedrinhas.

  • E o que o senhor faria de diferente para resolver esse problema?

Vamos ter o contato direto com todo mundo. Além de ouvir as necessidades reais da ponta da cidade, vamos estar do lado do povo mostrando que tem como fazer com custos baixos. Hoje temos muitos problemas na Saúde de São Gonçalo. Dentro da garagem da prefeitura tem ônibus velhos e parados. Vamos fazer itinerantes, com consultórios médicos e dentistas rodando o município. Imagina o quanto ajudaria as pessoas naquelas regiões que são ausentes de tudo. Você está se precavendo de qualquer coisa com custo baixo, mínimo, porque o médico já está na folha do município, o ônibus já está na garagem.

  • Qual a análise que o senhor faz de seus principais adversários?

Costumo dizer que não falo dos adversários, mas do que eu posso oferecer em relação a eles. A minha maior crítica é que muitos deles já passaram, tiveram a oportunidade, o governo na mão e não fizeram nada. Por que eles estão dizendo que agora eles sabem? Estranho. Já passaram por secretarias, foram vereadores, deputados, já tiveram várias oportunidades e não fizeram nada. Por que agora descobriram a pólvora? Realmente é algo que não encaixa.

  • A disputa eleitoral em São Gonçalo tem o costume de ir ao segundo turno. Caso o senhor avance, há possibilidade de se estabelecer alianças com adversários?

Se eu estiver na disputa de segundo turno, vou fazer o que fiz até agora. Vou ouvir a base do partido, as lideranças, para saber quais serão as possibilidades verdadeiras, se a gente tem interesse ou não de fazer filiações com outras pessoas. Porque dependendo de certas alianças é melhor só do que mal acompanhado. Por que o PSB decidiu vir sozinho sem coligação com ninguém? Porque a gente acredita na nossa proposta verdadeira. Se essas coligações forem algo que destoe dos nossos valores, do que acreditamos, não vamos fazer. Já viemos até aqui sozinho, sofrendo sozinho, bancando tudo sozinho, por que vamos fazer uma filiação que só vai jogar para baixo tudo o que acreditamos?

  • E se o senhor não estiver numa disputa de segundo turno, vai apoiar alguém?

Preciso ver primeiro quem chegou lá. Se não formos nós, talvez a gente não tenha como apoiar.

Mobilidade

Para Piraciaba, o viaduto de Alcântara atrapalha a mobilidade no município. Foto: Pedro Conforte

O candidato considera como prioridade na sua gestão a melhoria da mobilidade urbana na cidade. Para o prefeitável, é 'inadmissível' que São Gonçalo não tenha uma rodoviária, que possa interligar cidades distantes, como as da Região dos Lagos ou até outros estados. A mudança, segundo Piraciaba, deve começar por Alcântara, um dos polos comerciais do município.

"Outras cidades com muito menos habitantes tem uma rodoviária e a gente não. O terminal onde param os ônibus em Alcântara é totalmente sem estrutura, com problemas de localização, com camelôs no meio. O viaduto de Alcântara atrapalha o trânsito, com descidas curtas e pequenas. Por isso a gente fala de cair o viaduto e fazer um mergulhão profundo que vá de um ponto a outro para deixar toda aquela parte livre como um calçadão"

Apesar de audaciosa, a ideia precisa ser amparada pelo governo estadual, uma vez que na parte superior do viaduto, encontra-se uma rodovia gerida pela administração do Estado, que é a RJ-104. Para Piraciaba, o projeto de derrubada do monumento precisa ser bem estudada e só pode ser colocada em prática após 'ganhar a confiança do gonçalense'.

"Com o viaduto no chão, temos como reestruturar o Alcântara inteiro. O problema é que é demorado. Em quatro anos eu vou ter um grande desafio, porque as empresas de ônibus são um problema. Eu tenho quatro anos para fazer tudo honesto para que todo mundo fale ‘caramba, ele está fazendo o certo’. Aí sim, com dinheiro e estrutura, começar a dar início a essa viabilidade de jogar o viaduto no chão para o pessoal saber que vai ter obra de uma pessoa confiável. Esses dois anos de obra, todo mundo vai achar ruim, mas depois de pronto, é uma obra para 100 anos", conclui.

Cara a cara

https://youtu.be/QbfZKi0v2yQ
Confira as perguntas feitas por leitores ao candidato Rodrigo Piraciaba

< Axel Grael: 'Eu sou a pessoa mais bem preparada' Técnico da Seleção Italiana testa positivo para Covid-19 <